
Quem diria que Madonna, ícone da moda, e referencial de personalidade, desde seu surgimento no cenário da indústria fonográfica e da cultura mundial, no final da década de 80, teria sérios problemas quanto à seu primeiro marido, controlador e violento, que foi incapaz de conviver com tamanha onipresença, bem como uma mulher bem sucedida em sua vida profissional. Não precisamos retomar décadas passadas para ilustrar nossa reflexão e chegar a um consenso. Desde o início desse milênio, com o ressurgimento da cultura pop, mulheres solteiras e fabulosas estamparam capas de revistas, superlotaram arenas e estádios ao redor do mundo, e celebraram seus casamentos diante da mídia, com as mais famosas grifes e estilistas, sem ao menos emplacarem um sucesso número um em suas vidas amorosas. De relacionamentos duradouros e bem sucedidos entre a moda e mulheres influentes da cultura pop, temos as superproduções de videoclipes da cantora Britney Spears, vestida da cabeça aos pés por Versace, em clipes como Overprotected e Overprotected (Darkchild Remix), e resultados como mais 60 milhões de álbuns vendidos ao redor do mundo. Não tão longe de nós, até mesmo Ivete Sangalo, após seus relacionamentos frustrados, não resistiu ao glamour de um casamento com as criações de Alexandre Herchcovitch, em todo o figurino do seu último DVD – Ao Vivo No Maracanã. Um outro exemplo são as personagens do seriado norte-americano, Sex And The City, que virou filme e estréia no final de maio de 2008 na telona. Carrie Bradshaw (Sarah Jéssica Parker), e suas três amigas, trintonas e bem sucedidas, se reinventam a cada dia, na fabulosa Manhattan, a fim de provar que os homens são hoje apenas mais um acessório, assim como bolsas Fendi, sapatos Manolo Blahnik, um copo de Starbucks e muitas risadas nos mais badalados locais da ilha, onde desfilam as marcas mais famosas do mundo.
Quanto mais influentes e poderosas essas mulheres se tornam, em meio a sociedade que vivem, mais condicionados tornam-se os homens às mulheres dependentes do seu poder aquisitivo, bem como do seu mau gosto por escolhas presunçosas e pretos básicos, que cobririam sem nenhuma sombra de dúvidas, com tamanha elegância, um féretro de uma senhora de noventa e oito anos, hoje, em uma capela de Manhattan.
Guilherme Ziemer
Um comentário:
Bom texto. Guilherme escreve mesmo muito bem. Acho porém, que a humanidade está, de certa forma, buscando algo além dessa "beleza para o outro". Existe uma "moda" do bem-estar que vai além do "parecer bem". Creio que saúde tem sido o foco por trás da beleza. No cotidiano atribulado de quem trabalha correndo contra os ponteiros do relógio, busca-se um bem estar mental aliado ao físico. Uma bela mulher preocupada, cansada, com dores, fica "feia". Já aquela que dormiu bem, descansou e está de bom humor acaba parecendo mais bonita, com um "natural glow". Acho que as pessoas estão valorizando isso como nunca, nas atribulações diárias do nosso tempo. E qualquer semelhança entre essas palavras e o texto sobre a palestra do Lipovetsky do post acima, não é mera coincidência. Hehe :)
Estou adorando esse espaço criado pelo Jairo! Espero que, além do Guilherme e eu, outros colaborem. Dar uma paradinha na Estação da Moda é básico. ;)
Postar um comentário